O Reino das Sete Magilâminas

Gosta de Harry Potter? Então você pode se interessar pelo anime O Reino das Sete Magilâminas, que mistura magia e espadas, como o próprio nome sugere. A história, baseada em uma light novel homônima, acompanha as aventuras de um grupo de seis alunos calouros da Academia de Magia Kimberly.

O universo mágico criado pelo autor é bem rico. Aqui os magos também possuem lâminas além de suas varinhas, o que muda a dinâmica dos combates. Há uma infinidade de criaturas mágicas e semi-humanas. E há feitiços conhecidos como magilâminas, que são magias que quebram as regras e os limites desse universo e possuem graves consequências para os usuários. Como você pode deduzir pelo título, existem sete magilâminas.

Esse universo rico tem muito a ser explorado e com certeza gera bons momentos no roteiro? Sim, mas nem sempre. Eu diria que a falta de direção do roteiro é a grande falha desse anime, apesar da riqueza de detalhes desse universo e suas mecânicas.

Isso começa já na escolha do núcleo principal da trama, formado por Oliver, Nanao, Chela, Guy, Katie e Pete. Por serem seis alunos, a expectativa é que essas personagens contribuam igualmente para o enredo mesmo que haja nuances de força entre elas. O problema é que apenas três desses personagens possuem iniciativa e competência para resolver os desafios propostos dentro do enredo.

Os protagonistas

Oliver é o protagonista da série. Ele é um mago generalista e muito técnico. Se não possui talento explosivo em alguma área, Oliver compensa por ser razoavelmente bom em tudo e ter muito conhecimento tático. Muitas vezes, ele acaba agindo como se fosse o pai do grupo. Oliver também possui uma magilâmina que o torna capaz de derrotar um professor mesmo sendo um aluno calouro. Há muito mais da história dele do que foi explorado nessa primeira temporada.

Em segundo lugar vem Nanao, a outra protagonista e potencial interesse amoroso de Oliver. Nanao é uma samurai que lutou na Azia (sim, eles chamam o continente asiático assim) e foi resgatada por um professor por causa de seu potencial mágico. Nanao compensa sua falta de conhecimento mágico com sua maestria na espada. Além disso, ela possui muita magia em seu corpo e consegue fazê-la circular de forma tão intensa que seus cabelos ficam brancos. Nanao fica responsável por dar o golpe final em muitos dos inimigos que o grupo enfrenta justamente por seu potencial ofensivo. O potencial dela é tão grande que ela cria uma magilâmina sem querer.

Chela, a terceira do trio forte, é um excelente exemplo do que um personagem de apoio é. Ela muitas vezes age como a mãe do grupo e acaba protegendo o trio mais fraco quando Nanao e Oliver precisam entrar em ação. Chela não participa muito em batalhas até os episódios finais, mas sua capacidade nunca é posta em dúvida. E, quando ela entra em ação, descobrimos que ela é meia-elfa, o que amplia o potencial destrutivo de suas magias. Mesmo sem essa habilidade, Chela derrotou uma maga e um lobisomem sozinha e sem dificuldades.

Disparidades e problemas no roteiro

Por termos um trio bem forte logo de início, o contraste com os três mais fracos é muito evidente. O problema aqui é que eles são usados como iscas ou vítimas para serem resgatadas ou protegidas pelos mais fortes. Katie, por exemplo, é uma ativista pelos direitos dos semi-humanos. Só que o ativismo dela a coloca em perigo inúmeras vezes e ela não possui ferramentas para se proteger. Então, Oliver, Chela e Nanao precisam defendê-la.

O mesmo ocorre com Pete. Ele é um reversi, um mago que consegue mudar seu sexo biológico. Isso é uma habilidade muito interessante já que, dentro desse universo, homens e mulheres possuem diferentes elementos compatíveis. Embora o arco de Pete tenha sido muito bom, ele também não desenvolve a capacidade de explorar seu potencial e de se proteger.

Mas pelo menos ele e Katie possuem traços de personalidade. O último membro do grupo, Guy, é praticamente ignorado. A única coisa que sabemos é que ele cresceu no interior, gosta de plantas e de cozinhar e discorda de algumas opiniões de Katie. Guy até desenvolve umas sementes mágicas que podem funcionar como meio de transporte ou barreiras, mas isso é bem pouco perto do que o trio mais forte demonstrou.

A disparidade de forças no núcleo principal não teria sido um problema em si se o anime não tivesse passado mais da metade dos episódios resgatando o trio mais fraco. A história começa com o grupo resgatando Katie e termina com o trio mais forte salvando Pete. Tudo isso parecem side quests, fillers que distraem o enredo de seu objetivo final.

A vingança de Oliver

O verdadeiro plot de O Reino das Sete Magilâminas é a vingança de Oliver. A mãe dele foi torturada e morta por um grupo de professores em Kimberly e ele jurou fazer justiça por ela. Ele inclusive lidera uma seita que age nas sombras. Oliver mata um professor no sexto episódio. E, desde então, tudo que acontece no anime parece secundário em comparação com o objetivo dele.

Só que esse plot, que deveria ser o motor da série, é esquecido e colocado debaixo dos panos. E isso não é um problema do anime, mas sim da própria light novel. Nessa primeira temporada, não descobrimos por que a mãe de Oliver estava sendo perseguida e nem quais os planos dele para derrotar os demais professores.

Em resumo, O Reino das Sete Magilâminas tem um trio de personagens interessantes e um universo muito rico, mas se perde em side quests intermináveis em vez de focar na parte que promove mais tensão no roteiro.

Foto: Reprodução/ Twitter oficial O Reino das Sete Magilâminas.

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