A primeira temporada de Birdie Wing foi uma das minhas favoritas. Esse anime era a minha expectativa para esta temporada de primavera e, por onze semanas, ele não decepcionou. Eu sinceramente esperava que Eve e Aoi ganhassem o torneio em duplas e depois disputassem algum torneio solo, terminando com o tão aguardado confronto entre elas na final.

Não foi bem isso que aconteceu.

A segunda temporada de Birdie Wing voou alto, é verdade. Eve e Aoi ganharam o torneio de duplas com alguma facilidade, mas algumas situações surgiram: Aoi começou a passar mal no meio do campeonato e Eve finalmente recuperou sua memória. O passado delas foi desvendado. A mãe de Aoi mandou Eve de volta para Nafrece a la Romeu e Julieta.

Tê-las separadas foi um movimento positivo, já que pudemos ver a evolução delas, principalmente de Eve. Mas o processo todo foi bem traumático, já que Aoi descobriu ter uma doença genética que poderia acabar com a carreira dela e Eve ferrou o corpo ao desenvolver uma tacada forte demais. Elas aguentaram tudo isso com a promessa de se reencontrarem no Aberto Britânico, Eve ainda sem saber da doença de Aoi.

Eis que o Aberto Britânico chegou, com ele uma última antagonista, Juha, simplesmente a melhor jogadora da atualidade. Aoi, empolgada por jogar ao lado de Eve, domina o torneio e abre uma vantagem enorme no placar contra Juha. Só que lutar contra a doença dela é demais. Assim que Eve garante sua vaga na final, Aoi desmaia e precisa ser levada ao hospital.

As peças estavam prontas para esse último episódio. Na minha concepção, Aoi contaria para Eve sobre a doença dela e Eve derrotaria Juha, ferrando seu corpo no processo. Com isso, nenhuma das duas faria uma carreira profissional, o que nunca foi a motivação de Eve mesmo. O próprio Birdie Wing ressalta que (neste universo) boa parte dos bons jogadores de golfe não eram profissionais e preferiam jogar em torneios ilegais. Eve e Aoi poderiam treinar uma criança juntas, tal qual fizeram os pais delas.

Birdie Wing voou perto demais do sol e as asas derreteram. Eve ganhou de Juha na final, mas teve seu título revogado após ser suspensa por três anos por seu elo com a máfia (coisa que ela e Aoi também nunca conversaram). A doença de Aoi ganhou um tratamento mágico. E, o mais importante, nós nunca vimos o resultado do confronto entre as duas.

No fim, o anime não entregou nem o que a segunda temporada desenhou, nem o que o roteiro propôs desde o início. A conclusão foi no mínimo preguiçosa. É quase como ressuscitar um personagem depois que ele morre. Uma vez que você faz isso sem um bom motivo e uma excelente explicação, você perde o impacto da morte de personagens na sua história.

E pode se considerar que o anime teve bastante bait. Aoi literalmente apostava beijos com Eve quando elas jogavam em dupla. Eve vivia falando que seu coração já estava ocupado. E elas moviam mundos e fundos para jogar uma com a outra. É ainda mais amargo que nem a confirmação do romance tivemos.

Um final mal escrito pode estragar uma história inteira? Em muitos casos, sim. Birdie Wing tem excelentes elementos no roteiro, mas pecou no grand finale e perdeu a chance de se tornar uma lenda.

Foto: Reprodução/ Twitter oficial Birdie Wing.